segunda-feira, janeiro 09, 2006

Anote; Oiça.

É, enfim, pobre. Sabe das razões, das causas, e dos consequentes efeitos, sabe-o, porque esteve lá, presenciou, assinou como se do seu sangue lhe estivessem a tirar a verdade, rubricou aquilo que de mais precioso lhe pudessem achar, e, no fim, roubou a sua própria dignidade, e a dos outros, fez o maior desfalque de que algum mortal tem lembrança, que ficará, já nem os Deuses duvidam, na história, na minha, na da sua própria pessoa, e na de qualquer um que se queira sentar e ouvir a extensa narrativa. Pois é que, após ter feito tal grotesco desfalque, tamanha falcatrua, de deixar o Todo-Poderoso de cabelos em pé, se vem a arrepender, a ter escabrosos pesadelos, a sentir que se lhe foge chão, e mal o descansa a derradeira noite; tudo a seu tempo. Já antes se viram post-its possuidores de pequenas anotações, recados, agora, nada mais do que silêncio, e um silêncio apertado nas palavras, como a cor púrpura do teu nome.

Mariana d’As Luas de Júpiter.