quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Pretexto.

Espera com paciência. Com perseverança, enquanto o cigarro arde, insólito, erudito na arte da auto inflamação.

Mariana d’As Luas de Júpiter

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Desvio.

É vero. Deixou a alma de vigia e não acordou, nem acordará, jamais.



Mariana d’As Luas de Júpiter

terça-feira, fevereiro 07, 2006

A barca. Da fantasia?

Ai que ninguém volta
Ao que já deixou
Ninguém larga a grande roda
Ninguém sabe onde é que andou
Ai que ninguém lembra
Nem o que sonhou
E aquele menino canta
A cantiga do pastor
Ao largo ainda arde
A barca da fantasia
E o meu sonho acaba tarde
Deixa a alma de vigia
Ao largo ainda arde
A barca da fantasia
E o meu sonho acaba tarde
Acordar é que eu não queria

Créditos: Madredeus – A cantiga do Pastor


Anui: Mariana d’As Luas de Júpiter

domingo, fevereiro 05, 2006

Para teu contentamento; Tribuna.

Então, cuidadosamente, leu as palavras sobre a folha branca, sentindo-se o ser mais indesejável do mundo, enfim, o mais isento e desprovido daquilo a que, involuntariamente, todos dizem ser o melhor que por aí se pode encontrar, e este , caro leitor, entenda-o como sendo o vasto e amplo mundo que se nos apresenta, todos os dias, ao olhar. No beco escuro em que, inevitavelmente, se viu cair, um ódio apaixonado desesperou-o ainda mais, mais do que a própria raiva que, todos os dias, o faz viver, mais do que o próprio veneno que lhe corre nas veias e que o faz, tal diabo, fervilhar de emoção. Como se fosse possível, ausentar-se, assim, de repente, deixando destruição para trás, como se apenas não quisesse saber da obra que viu nascer. Como se fosse possível, que um dia a mentira da sua respiração o largasse, como se, imagine-se, o seu choro não fosse tragédia maior, daquelas que fazem chorar os deuses, daquelas que fazem cair o Carmo e a Trindade, daquelas que fazem trovejar o brilhante céu azul, daquelas que arrebatam corações, daquelas que fazem o batimento cardíaco parecer um potencial suicida, daquelas que fazem um lobo das estepes, perdido, abocanhar a vida com os caninos que lhe foram concedidos:
Daquelas que desiludem, ao mais pequeno parecer de falsidade.
Daquelas que são, inapropriadamente resistentes.
Daquelas que, cedo ou mais tardar, fazem calar o cosmos.

Mariana d’As Luas de Júpiter

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Pressão. Desacato; Desencontro.

Encontra-se ali uma tensão opressora, um pesado e tenebroso silêncio, sobre ambos os corpos, nus, á mercê da pouca sorte que lhes foi atribuída, á mercê das dúvidas alheias, á mercê da secura quotidiana, horripilantemente prepotente. No meio da rua, os olhares evidentemente assustados, e curiosos, é certo, afinal não é todos os dias que se vê tamanho escândalo em plena cidade, cidade essa fingida, hipócrita, dissimulada e destituída do seu verdadeiro valor, passeavam por entre cá, e lá, os seis ou sete metros de área que ocupava aquele pequeno mundo, feito de dois corpos, chegou para reunir uma pequena multidão, enorme na sua insaciável sede de desacato.
Mortos pela sua própria constituição.
A história continua. Um dia.


Mariana d’As Luas de Jùpiter